Bem-vindo -
28/02/2021

Centro de Contingência analisa novas restrições para o Estado

Depois de um ano de pandemia, grande parte da população já não se sente mais disposta a cumprir os protocolos sanitários e ficar em casa, sempre que possível. Na mesma medida, os empresários, descontentes com os prejuízos acumulados, pressionam o poder público pela flexibilização das atividades econômicas.

Agora, diante da impossibilidade de vacinar a população contra a Covid-19 em curto prazo e dos processos de mutação do vírus, que parecem ser responsáveis pelo aumento do número de casos e mortes no País, muitos estados e cidades brasileiras vislumbram, como única saída, adotar medidas ainda mais restritivas que a da fase amarela.

Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal, por exemplo, já adotaram lockdown como forma de evitar o colapso do sistema de saúde. No Rio Grande do Sul, os moradores deverão seguir os protocolos de bandeira preta, que são próximos ao lockdown. Já na Paraíba e em Teresina, no Piauí, foi decretado toque de recolher.

Em São Paulo, a informação vinda dos bastidores é de que o governador João Doria tem resistido às recomendações, consideradas impopulares, do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo para decretação de lockdown pelo período mínimo de dez dias.

Na coletiva de imprensa da última sexta-feira (26), contudo, o coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, João Gabbardo alertou que o núcleo avalia incluir uma nova classificação, dentro do Plano São Paulo, com mais restrições que a da fase vermelha. "Pela característica da pandemia nestas últimas semanas, pelo que vem acontecendo em estados da região sul, em Manaus e alguns municípios do Estado de São Paulo, talvez, algumas medidas ainda mais drásticas tenham que ser tomadas", disse.

'ÚNICA SOLUÇÃO'

Para o médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, que é presidente da Sociedade Paulista de Infectologia e professor da Unesp de Botucatu, o lockdown, modelo adotado também pela Prefeitura de Araraquara, é uma estratégia drástica, mas a única capaz de reduzir o deslocamento populacional e, por consequência, a velocidade de transmissão do vírus. Em sua análise, todos os municípios que estão na fase vermelha deveriam adotar medidas semelhantes como estratégia de evitar o colapso no sistema de saúde, que, segundo projeções, pode ocorrer em 15 dias.

"Quantas mortes teremos que contabilizar até a transmissão do vírus diminuir? A presença de uma nova variante é um fantasma assolando uma situação que já era grave. Pelo menos de maneira intermitente, precisamos destas medidas de restrição de mobilidade, que também foram adotadas nos dois últimos meses por pelo menos cinco grandes países da Europa", destaca.

São diretrizes, contudo, que ainda encontram forte resistência entre alguns grupos. Em Araraquara, por exemplo, cerca de 120 comerciantes e empresários protestaram, na última quinta-feira, contra as medidas de restrição. "Sabemos que é uma medida que causa sofrimento imenso para a sociedade como um todo, economicamente e psicologicamente, mas era a única medida a ser tomada neste momento. Nossa expectativa é que, dentro de dez dias, a média móvel de casos comece a cair", projeta Fabiana Araújo, coordenadora extraordinária de ações de combate à Covid-19 da Secretaria de Saúde do município.

A Prefeitura de Bauru aposta na adaptação do "mini hospital" Covid-19, criado no fim de janeiro a partir da aglutinação do Pronto-Socorro e do Posto de Atendimento da Covid-19 (PAC), para evitar que pessoas infectadas pelo novo coronavírus fique sem assistência na cidade. A intenção, segundo o secretário de Saúde, Orlando Costa Dias, é instalar oito leitos de UTI dentro do complexo, que possam garantir até mesmo a intubação de pacientes com quadro mais grave.

Ele explica que os leitos - que hoje recebem casos menos complexos - já contam respiradores, mas precisam de monitores novos e bombas de infusão, que poderiam ser comprados com recursos solicitados pela prefeita Suéllen Rosim ao governo federal. Também há necessidade de adquirir antibióticos de largo espectro, garantir a realização de exames de gasometria arterial, agilizar a realização de exames de urocultura e hemocultura e contratar um fisioterapeuta via Fundação Estatal Regional de Saúde da Região de Bauru (Fersb).

Será, ainda, preciso credenciar estes leitos junto ao Departamento Regional de Saúde (DRS-6). "Nossos médicos têm condições de intubar e cuidar desses pacientes. Assim, evitaríamos transferências pessoas para outras cidades. Assim que eles melhorassem, iriam para uma ala com monitores, respiradores, mas que não é UTI e sim uma enfermaria mais equipada. Depois, quando estivessem bem estáveis, poderiam ser transferidos para a enfermaria do Hospital Estadual ou do hospital de campanha", detalha Dias.

Nesta enfermaria mais equipada, atualmente, existem 16 leitos. E, mesmo na ala de UTI, os pacientes não contariam com equipamentos que existem em hospitais, como de ressonância magnética e hemodiálise. "É claro que seria melhor termos mais leitos em hospital, mas, como não temos, estamos buscando saídas", frisa o secretário.

Ele destaca que a Prefeitura dispõe dos recursos necessários para manutenção deste serviço e que espera colocá-lo em funcionamento dentro de uma semana. "É uma situação de emergência e não podemos mais esperar", acrescenta.



Fonte: JC Net
Compartilhe!
Deixe seu comentário

Veja
Também

Mais Informa
© Copyright 2019 Mais informa. Informação mais precisa. Todos os direitos reservados.