Conforme a Polícia Federal, a falsa enfermeira, com os recursos que ganhava com a aplicação da “vacina”, estava comprando um carro e um sítio. Segundo a revista Piauí (que denunciou a ocorrência de uma vacinação irregular contra a Covid-19 na garagem de ônibus, em reportagem publicada no dia 24), a falsa enfermeira cobrava R$ 600 por duas doses do que afirmava ser a vacina.
VACINAÇÃO NA GARAGEM DA SARITUR
Vídeos aos quais o Estadão teve acesso mostram uma mulher de jaleco branco em meio a carros, em uma garagem no bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte. Segundo as apurações da PF, a suposta vacinação ali ocorreu nos dias 22 e 23. Pelo menos 80 pessoas passaram pelo local naquelas duas noites.
A garagem é de uma empresa que pertence ao grupo Saritur, conforme informações de um funcionário repassadas à reportagem no local. No início desta semana, os empresários Rômulo Lessa e Robson Lessa, da Saritur, prestaram depoimento à PF e afirmaram ter comprado o que acreditavam ser imunizantes da Pfizer de forma irregular.
Legislação aprovada pelo Congresso Nacional autoriza a importação de vacinas, desde que sejam repassadas ao Sistema Único de Saúde ao longo do período em que são imunizados grupos prioritários, como idosos e agentes de saúde.
INVESTIGAÇÃO DA PF
A PF inicialmente trabalhava com três linhas de atuação: desvio de vacina do SUS, contrabando do imunizante ou golpe.
Na segunda-feira (5), o filho da falsa enfermeira prestará depoimento à Polícia Federal. A suspeita da PF é que ele seja o responsável pelo recebimento dos pagamentos, que ocorriam muitas vezes via PIX, o que vai facilitar as investigações das autoridades.
Além da compra de imóvel e de veículo, outro indício de que a falsa enfermeira vinha aplicando o golpe de forma mais ampla pela cidade é que, antes de comparecer na terça-feira à garagem da empresa no bairro Caiçara, ela já havia passado em outros dois locais.