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16/05/2021

" Minha meta é levar alegria aos pacientes"

Depois que descobriu o prazer de proporcionar bem-estar às pessoas por meio do Projeto Alegria, a vida de William Jiacomin Redondo Mendes, de 26 anos, mudou completamente. O bauruense conta que viveu parte da vida com aversão a hospitais. Porém, aos 18 anos, quando passou a integrar o grupo de voluntários que, desde 1997, proporciona momentos felizes aos pacientes que estão internados em hospitais da cidade, pôde adquirir uma visão diferente sobre esses locais e se apaixonou pela tarefa de amenizar a dor daqueles que estão em tratamento. Decidiu, então, deixar de lado a ideia de ser engenheiro, formou-se em fisioterapia pela FIB e se especializou em terapia intensiva pela Unesp de Botucatu.

Quando finalizou a especialização em fevereiro de 2020, o fisioterapeuta passou a trabalhar no Hospital Estadual (HE) de Bauru, onde já frequentava como voluntário, e iniciou o mestrado no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) da USP. Contudo, ele não esperava que, após somente três semanas de atuação profissional, já enfrentaria uma pandemia de uma doença tão complexa como a Covid-19 e que as visitas do Projeto Alegria seriam suspensas.

Mesmo assim, William não se afastou da sua missão de levar alegria aos pacientes e, como fisioterapeuta, 'estendeu' o trabalho voluntário ao proporcionar atendimento humanizado e separar um tempo, na medida do possível, para ouvir as histórias das pessoas e oferecer acolhimento a quem está em tratamento nos leitos de UTI Covid no HE. Leia abaixo os melhores trechos da entrevista com o intensivista:

Jornal da Cidade - Como você entrou no Projeto Alegria?

William Mendes - Era algo que sempre tive interesse, porém, por ser hospital, que eu tinha aversão, sentia essa barreira. Mas uma conhecida me convidou, acabei indo e percebi que você tem outra visão do hospital quando entra pelo voluntariado. Na época, trabalhava com manutenção de máquinas e fui pegando gosto ao ponto de querer viver ali profissionalmente, além do voluntariado. Cursei fisioterapia, fiz pós na parte de UTI e hoje estou dentro do hospital. Cuidava de máquinas, agora cuido de pessoas (risos).

JC - O que sentiu quando foi para o hospital pelo Projeto?

William - Um baque de realidade. Percebi que a vida é boa e que dá para fazer a diferença na vida dessas pessoas. É uma satisfação conseguir proporcionar um momento melhor para os pacientes. Eu sempre fui fantasiado de palhaço. No fim, a sensação é de dever cumprido, porque estamos ali somente para o paciente. Tem muitos internados que não têm acompanhante e o voluntário acaba sendo a única visita.

JC - Essa sensação o fez escolher a fisioterapia para continuar esse trabalho de alguma forma?

William - Sim. Minha mãe faleceu no Estadual, então pude ver o local como acompanhante de um familiar internado, como voluntário e agora como profissional. Isso colabora para ter uma visão do profissional que você quer ser. Minha missão é levar alegria aos pacientes. O projeto me fez carregar isso para a minha vida.

JC - E como foi começar já enfrentando uma pandemia?

William - Foi difícil, porque ninguém sabia o que era a doença, o que ela causava, como causava e como o paciente poderia evoluir. Porém, o fato de ter acabado de sair da especialização, estar com as lições frescas na cabeça e com o hábito de pesquisar muito, ajudou bastante a buscar respostas e tratamentos. Mas, hoje, o paciente Covid chega na UTI assustado. Nós não negamos a ele a situação que ele está, mas tentamos explicar da melhor forma possível e pedimos que colabore dizendo o que está sentindo. É uma situação complicada. Mas, na medida do possível, aprendemos a lidar com tudo isso.

JC - Hoje você se sente realizado?

William - Sim. Tenho muito orgulho das minhas conquistas. Hoje me sinto realizado profissionalmente e que estou onde deveria estar. Meu trabalho é cuidar das pessoas e levar alegria para elas também. Nessa parte de cuidado, vejo minha mãe como inspiração, porque ela tinha um carisma muito grande, um afeto e preocupação com todos. Ela sempre priorizava os pais, os filhos e o marido, para depois cuidar dela mesma. Logo após ela descobrir o câncer no intestino, em 2013, ela me falou que, independente do que acontecesse, não era para eu desanimar. E é isso que estou fazendo.

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Fonte: JC Net
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