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16/05/2021

O engraxate que virou empresário

"Sonhar, acreditar e trabalhar". Esse é o lema que guiou a vida inteira do serralheiro Fernando Barreto, o "Fernandão" da Baixada do Silvino, que sempre trabalhou na mesma região onde parte de Bauru 'começou'. Hoje, aos 61 anos, ele recorda como passou de engraxate, seu primeiro ofício logo quando chegou ainda criança com os pais na cidade, vindos de Pederneiras, até tornar-se dono da serralheria Dois Irmãos. Função que exerce há mais de 40 anos. Fernandão praticou a "Lei da Atração", sem sequer saber sobre a sua teoria. "Tudo o que desejei, consegui, mas com muito trabalho", recorda.

Com o estabelecimento situado na quadra 1 da rua Alves Seabra, Fernandão conta que aos 10 anos começou a ganhar seus primeiros trocados ali mesmo, com uma caixa de engraxate nas mãos, disputando clientes com outros jovens da mesma idade. Os 12 bares existentes nas proximidades lhe forneciam mão de obra, ou melhor, pés. O dinheiro era para as despesas de casa.

"Estudava em um período e, no outro, trabalhava. Na época, a gente ficava de olho nas esquinas, porque quando aparecia a perua azul do Ponciano, era correria para não ser pego", lembra, com bom humor. Conhecido por ser enérgico e linha dura, Ponciano Menezes era responsável pelo então denominado 'juizado de menores', nos anos 60 e 70.

Na adolescência, Fernandão deixou de engraxar sapatos ao conhecer o renomado alfaiate João Miguel Mosquim, que lhe deu oportunidade de ser aprendiz e office-boy. Amizade que perdura até hoje. Mais tarde foi ajudante geral, passou a motorista e depois "sacrificou" o carro que amava, um Fusca 68, e o vendeu para adquirir as primeiras máquinas de corte e solda da empresa que mais tarde passou a sustentar a família. O serralheiro é conhecido na cidade pelo serviço, no popular "boca a boca", transformando ferro em arte e edificações, elogiado pela eficiência. "Comecei do zero. Aprendi a trabalhar, sempre corri atrás do que eu queria. Nada foi fácil, mas consegui", relembra o empresário. E se tem algo que não esquece, é da ajuda que teve para alcançar o que conquistou.

"O Mosquim foi muito importante. Me ajudou muito. Somos vizinhos de muro hoje. Ele até me emprestou dinheiro para pagar a dívida com aluguéis atrasados do galpão que eu tenho aqui, na época que o dono ainda era o meu ex-patrão. Hoje o espaço é meu", cita. Fernandão já tentou ganhar a vida em São Paulo, onde ficou um ano, mas não conseguiu ficar muito tempo longe de Bauru, cidade, aliás, que lhe proporcionou não só marcantes histórias, mas também o apresentou à esposa Edna. São casados desde 1987 e pais de Luiz Fernando e Patrícia.

Fernandão Barreto foi homenageado pela Câmara de Bauru com Moção de Aplauso, de iniciativa do vereador Pastor Bira, que lhe entregou uma placa na última terça-feira (11).

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Fonte: JC Net
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