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25/07/2021

Pandemia reforça a importância de vínculos entre os avós e netos

Dizem que avós são pais em dobro ou, ainda, pais com açúcar. Mas, se tem uma máxima que quase sempre passa longe da verdade é a de que avós estragam os netos. Pelo contrário, estudos em várias partes do mundo têm demonstrado que, quando o elo entre eles e as crianças é forte, a relação é benéfica para saúde, bem-estar e desenvolvimento de ambos.

Durante a pandemia da Covid-19, além de estarem garantindo uma retaguarda financeira importante para socorrer filhos e netos, os avós - que comemoram o seu dia oficial nesta segunda-feira, 26 de julho - também têm dado respaldo nos cuidados com as crianças que ainda não retornaram às aulas presenciais, além de serem portos-seguros emocionais em um momento de pouca interação social dos pequenos.

Estudo elaborado pelo Instituto do Envelhecimento do Boston College, nos Estados Unidos, aponta que crianças que têm relacionamentos fortes com os avós são mais bondosas, generosas e menos ansiosas, além de terem maiores chances de ter bom desempenho escolar, autoestima e inteligência emocional. Mas não são apenas elas as beneficiadas. Segundo a psicóloga Salete Xavier São Bernardo, avós que interagem mais com os netos têm chances reduzidas de desenvolver doenças como depressão, Alzheimer e outros distúrbios cognitivos.

"Hoje, inclusive, existe o termo avosidade, que cria um elo entre a pediatria e a gerontologia. E o que temos visto é que a relação entre estas duas gerações, hoje, é bem melhor do que no passado, porque, agora, um ensina e ao mesmo tempo aprende com o outro", avalia ela, que também é coordenadora do Dedinho de Prosa, projeto que organiza rodas de conversa - atualmente virtuais - para promover autoestima e qualidade de vida de idosos em Bauru.

'GUARDIÕES'

Salete pontua que este convívio pode, de fato, ser enriquecedor, com laços estabelecidos de forma mais horizontal, ou seja, com o afeto tomando mais espaço que a autoridade, embora a relação de respeito continue sendo preservada. Para os avós, é uma segunda oportunidade de participar na criação de crianças na família, mas, desta vez, de forma mais leve e tranquila, já que, além de ter mais tempo disponível, também são mais maduros e experientes.

Eles podem, ainda, reforçar a sensação de significado, identidade e finalidade, especialmente quando já deixaram de trabalhar. E, como 'guardiões' da história da família, ajudam os netos a entender e interpretar a história da família, além de ensiná-las a exercitar a compreensão, paciência e resiliência.

"Todo este contexto traz um ensinamento muito forte. É uma relação rodeada de emoção e afeto, em que os avós podem compartilhar ensinamentos que vão durar para a vida toda. Por isso, é comum as pessoas, já adultas, guardarem lembranças muito específicas dos avós, de cheiros à sensação do abraço", acrescenta a psicóloga.

Ainda de acordo com ela, principalmente quando os avós são responsáveis por cuidar dos netos por muitas horas, todos os dias, enquanto os pais das crianças trabalham, pode haver conflitos na forma de lidar com os pequenos. Porém, com diálogo e empatia, as divergências podem ser resolvidas.

"A vantagem é que a relação de confiança tende a ser forte, porque há uma forma de educar que já é conhecida", afirma. Já para os netos que moram longe dos avós, Salete recomenda a realização, com maior frequência, das chamadas de vídeo tão popularizadas durante a pandemia. "É uma forma de matar a saudade e atender essa necessidade de contato", completa.

'Por meus netos, tirei a CNH aos 58 anos', diz manicure

Aceituno Jr

Foi aos 58 anos que a manicure aposentada Silvia Ferreira, hoje com 62 anos, obteve a primeira CNH, impulsionada pela necessidade de transportar os netos Manuella, 9 anos, e Artur, 5 anos, para as atividades do dia a dia. Responsável pelos cuidados com as crianças enquanto a filha e o genro trabalham, ela também precisou se desdobrar para auxiliar as crianças nas aulas online quando as escolas ficaram fechadas, em mais um desafio que ela vê como oportunidade para aprender coisas novas.

"Hoje, eu os levo na psicóloga, na fisioterapia, na natação, busco na escola, vou ao parquinho, cuido dos machucados, do dentinho que está caindo. Eles são tudo para mim e eu sou uma referência de proteção para eles. Dou conselho e os ouço muito. É gratificante", comenta.

Silvia revela que ser avó tem sido mais leve do que exercer a maternidade. Com mais tempo disponível, ela diz que consegue curtir mais os pequenos, além de ter mais maturidade para conduzir conflitos. "É uma responsabilidade que assumi com prazer e que me trouxe conquistas, como a CNH. De tudo o que eu faço hoje, o papel que mais gosto é de ser avó", observa ela, que também é avó de Giulia, 21 anos, e Tito, de 6 anos.

Cláudia Miguel, 62 anos, já estava aposentada, mas continuou trabalhando como professora, sem planos para sair da ativa. Mas tudo mudou com a chegada de Raul, seu primeiro neto, hoje com 4 anos. Foi quando decidiu dedicar seu tempo exclusivamente a ele e, com a chegada de Dora, que já tem 2 anos e 11 meses, a certeza da aposentadoria definitiva se consolidou.

"Os netos mudaram totalmente a nossa vida (dela e do marido Salim). É como um renascimento. Quando os filhos crescem, há aquela síndrome do ninho vazio. E, quando vêm os netos, volta toda aquela alegria na casa. Eles passaram a ser nossa prioridade. Brincamos junto, eu faço atividades pedagógicas, o Salim vai com o Raul mexer com as plantas. Eles adoram", comenta.

Raul acaba convivendo mais com os avós porque a mãe dele, filha do casal, deixa o menino sob os cuidados deles enquanto trabalha. Já Dora mora em Campo Grande, onde a outra filha de Cláudia e Miguel reside, mas se encontra com os avós sempre que possível. "É uma pena a gente não conseguir conviver mais com ela, mas o amor que a gente sente pelos dois é igual. E o Raul e a Dorinha são muito unidos também. Quando estão juntos, é uma festa", comemora.



Fonte: JC Net
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