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16/09/2021

Pessoas com rosto desfigurado ganham reabilitação gratuita

Uma iniciativa brasileira está devolvendo autoestima e esperança a pessoas com o rosto desfigurado. Elas estão ganhando reabilitação bucomaxilofacial gratuita.

O trabalho lindo é feito pelo Instituto Mais Identidade em parceria com UNIP, a Universidade Paulista e ajuda a reconstruir a face de pessoas que tiveram o rosto deformado por doenças, traumas, ou acidentes.

“Na casa de um paciente mutilado, a primeira coisa que tiramos são os espelhos”, disse Denise Vicentin, de 55 anos, que reside em São Paulo e se escondeu por muito tempo ao ver o rosto desconfigurar, como consequência de uma série de tumores.

Após uma longa jornada de cirurgias, ela voltou a sorrir graças aos “anjos” que apareceram na sua vida, como ela mesma define, que a ajudaram na reconstrução facial e no resgate da alegria de viver. “O espelho voltou a ser um objeto que me encanta na minha casa”, contou.

Instituto Mais Identidade

Denise é uma das contempladas pelo projeto de reconstrução facial do Instituto Mais Identidade. E agora, 10 pacientes do Rio Grande do Norte também poderão ter suas vidas transformadas com a cirurgia.

Para angariar recursos e conseguir realizar os procedimentos, o Instituto lançou a campanha “Quem vê cara também vê coração”, que está com a meta de arrecadar R$316.100. (Veja como contribuir abaixo).

O valor será destinado a suprir os gastos com deslocamento da equipe com mais de 10 profissionais, de São Paulo até o Rio Grande do Norte, assim como equipamentos, materiais de insumo e demais necessidades descritas na página da campanha.

A intenção em buscar recursos através de financiamentos coletivos é poder ampliar a ação do projeto em outros estados, a exemplo do que está sendo feito agora no Rio Grande Norte.  Além destes beneficiados, o Instituto atende gratuitamente durante todo o ano pessoas que necessitem de reconstrução facial, independentemente da cidade onde residem.

Casos de câncer de boca e face atingem mais de 20 mil pessoas no Brasil a cada ano. Dentre as sequelas estão perda de porções da face como os olhos, orelhas e nariz, que podem causar severas desconfigurações no rosto.

A técnica da reconstrução

A técnica de construção de próteses faciais com recursos digitais foi desenvolvida como pesquisa no Programa de pós-graduação Stricto Sensu em Odontologia da UNIP, em uma parceria entre o Instituto Mais Identidade e o designer digital Cícero de Moraes, reconhecido como um dos mais importantes pesquisadores na reconstituição forense.

Denominada Mais Identidade, a técnica utiliza a câmera fotográfica de um smartphone para tirar uma série de fotos padronizadas de um paciente com deformidade facial para captar a sua anatomia.

Assim, o rosto é digitalizado em 3D a partir de software gratuito e livre, para que seja realizada a reconstituição digital da porção afetada, que servirá como base para a construção da prótese facial que será impressa em 3D.

Esse protótipo é transformado com materiais específicos, como silicones ou resinas, para concluir a prótese facial com acabamento e estética próximos às características do paciente.

Formado em Odontologia, o pesquisador da UNIP responsável pelo projeto, Luciano Dib, sente um misto de realização e emoção por poder contribuir para a promoção da qualidade de vida das pessoas. Através da convivência e do aprendizado com professores do Brasil e do exterior, ele trouxe técnicas de implante e prótese, que puderam ser desenvolvidas aqui no Brasil no programa de pós-graduação da UNIP.

“Sinto que é a minha missão de vida fazer para o paciente tudo aquilo que está ao nosso alcance e um pouco mais. Aprendi desde cedo, e ensino aos meus alunos também, que a gente tem que pensar muito antes de dizer ‘não’ para o paciente. Sempre falo para meus alunos estudarem mais, pesquisarem mais, porque quando descobrimos algo, estamos abrindo uma portinha de esperança para que aquele paciente encontre perspectiva para seguir em frente”, ensina com sensibilidade o diretor do Instituto Mais Identidade, cujo projeto já ajudou a recuperar a autoestima de 30 pacientes.

Para Dib, a recompensa é o retorno de gratidão estampado na face de cada pessoa atendida por ele, como o caso bem-sucedido da Denise Vicentin. “Eu digo, até de forma emocionada, que isso é, sem dúvidas, a minha maior motivação. A chance de poder ajudar essas pessoas a ter um motivo para abrir os olhos e viver mais um dia”.

A descoberta do tumor de Denise

Denise tinha 22 anos quando foi diagnosticada com um tumor no palato, um Adenoma Preomorfico. Dez anos depois, por meio de uma nova biópsia, descobriu o segundo tumor. Mais uma década se passou e ela foi diagnosticada com um carcinoma, um tumor maligno.

Com uma nova suspeita de retorno do tumor, Denise foi submetida a sessões de radioterapia que acarretaram em problemas de visão e o rosto foi perdendo a identidade.

Tímida, enfrentava outra batalha quando precisava sair de casa: suportar os olhares de curiosidade e espanto nas ruas. “Eu evitava olhar para as pessoas, justamente, para não ver esses olhares que constrangem muito”, lembra a dona de casa, mãe de quatro filhos e avó de duas netas.

A reconstrução facial

Em 2017, Denise recebeu ajuda de uma pessoa que a apresentou ao cirurgião bucomaxilofacial Luciano Dib e ao Instituto Mais Identidade.

Acompanhada por uma equipe multidisciplinar, o tratamento começou de dentro para fora com apoio psicológico até chegar o tão esperado momento de se olhar no espelho, depois de anos evitando ver o próprio reflexo.

Nesse processo, Denise teve parte do seu rosto preenchido com prótese oferecida pelo Instituto Mais Identidade. Foi uma jornada de muita expectativa e medo. “Tinha a sentença de ficar na sala de cirurgia devido a tamanha gravidade. Graças a Deus, eu posso dizer que sou um milagre”, relembra.

O resultado tão esperado veio no final de 2019, com a colocação da prótese ocular e o sonhado reencontro com o espelho. “Quando olhamos nosso reflexo, a imagem fica no olhar e na nossa mente. Assim que paramos de nos olhar, essa imagem sai da visão e da mente. Depois do implante, a autoestima aumentou de forma que me surpreendeu. O espelho voltou a ser seu amigo”, revela.

O convívio social dos pacientes afetados por sequelas faciais fica prejudicado, bem como a empregabilidade e as funções básicas do dia a dia. Atividades rotineiras ficam restritas e a qualidade de vida diminui. Muitas vezes, pacientes com desconfiguração facial sentem que perderam a sua identidade

A tecnologia do procedimento

O Instituto Mais Identidade ajuda a reconstruir a face de pessoas que tiveram o rosto deformado por doenças, traumas ou acidentes desde 2015.

Aliando tecnologia à competência e vontade de ajudar o próximo, o instituto promove, gratuitamente, a recuperação estético-funcional e a reintegração social de indivíduos que apresentem alterações faciais e maxilares. Muito além da estética, recupera-se a dignidade para que essas pessoas voltem a viver de forma plena.

A reabilitação bucomaxilofacial é fruto da dedicação e competência de uma equipe multidisciplinar do Instituto Mais Identidade, composta por cirurgiões-dentistas, médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, designer digital e administradores, totalizando 10 membros fixos além de diversos alunos de pós-graduação e graduação.

Juntos, os profissionais desenvolveram uma metodologia internacionalmente reconhecida para promover a escultura das próteses por meio de técnicas digitais de alta precisão.

O instituto recebe apoio da Universidade Paulista (UNIP), que cede laboratório de última geração, com impressoras 3D, para esculpir próteses para os pacientes.

A tecnologia funciona a partir de modelos obtidos com fotografias digitais feitas com smartphones, o que possibilita que pacientes possam ser atendidos em locais distantes da sede do Instituto, que está situado na cidade de São Paulo.

Quem vê cara também vê coração

Você pode ajudar o projeto Quem vê cara também vê coração!

Para saber mais sobre o projeto, se cadastrar ou doar, clique aqui.

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